domingo, 5 de dezembro de 2010

Pedágios de São Paulo são uns dos mais caros do mundo


Chegando os meses de férias, todos os paulistanos já começam a preparar as malas e os “bolsos” para pegar as estradas. Uns preferem aproveitar o calor e vão curtir as belas praias no nosso litoral, outros optam pelo sossego e vão para as cidadezinhas tranqüilas do interior paulista.

As condições das estradas não são mais a preocupação dos paulistanos, pois temos algumas das melhores do país. As rodovias paulistas ocupam as dez primeiras posições entre as melhores, segundo pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes, sendo aprovadas por 93,6% dos usuários. Mas o que anda tirando o sono dos motoristas são os pedágios que não param de se disseminar por nossa malha viária.

Para entender um pouco desse processo, temos que voltar ao ano de 1998, que marcou o início da privatização das rodovias de São Paulo. Até hoje já foram instalados 112 pedágios nas estradas paulistas - o equivalente a uma praça nova a cada 40 dias. O Estado já tem mais pedágios do que todo o resto do Brasil. São 160 pontos de cobrança em vias estaduais e federais no território paulista, ante 113 no restante do País, segundo a Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias.

Nos últimos 12 anos, a segurança e a qualidade das rodovias melhoraram muito, mas os altos valores cobrados se tornaram a principal crítica dos motoristas. No último mês de julho, essas reclamações se intensificaram ainda mais, pois os pedágios nas rodovias estaduais foram reajustados. No sistema Anchieta-Imigrantes, o valor aumentou de R$ 17,80 para R$ 18,50.

Mais caro rodar em São Paulo

Para se ter uma idéia de quão caro é viajar por São Paulo, é mais barato viajar a outros Estados. Por exemplo, cruzar de carro os 404 quilômetros entre a capital paulista e Curitiba, capital do Paraná, custa aproximadamente R$ 9. Já para cobrir distância semelhante até o município paulista de Catanduva, por exemplo, é preciso desembolsar R$ 46,70.

Segundo estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Aplicada (Ipea), o pedágio estadual de São Paulo é um dos mais caros do mundo, e atualmente supera as autoestradas da Europa e dos Estados unidos.

“Ficou mais barato viajar a Curitiba no Paraná que a Catanduva no interior paulista”

O programa de concessões das estradas paulistas, iniciado em 1998, levou em conta o maior valor que as empresas ofereciam ao Estado para ter a concessão da via, a chamada outorga de administração. A vantagem é que o dinheiro dado por essas empresas que ganharam as concessões deve ser aplicado em novas estradas. Por outro lado, esse valor é repassado aos motoristas, via pedágio.

Já o modelo adotado pelo governo federal faz a concessão àquele que oferecer a menor tarifa. O benefício é o preço mais baixo e a desvantagem é a falta de verba para investir. As Rodovias Fernão Dias e Régis Bittencourt, privatizadas em 2008, continuam em estado precário. Críticos afirmam que o pedágio não foi suficiente para cobrir os custos da recuperação das estradas.

Problema antigo

Quem pensa que o pedágio é um “problema’’contemporâneo está muito enganado. A cobrança, ao menos para os paulistas, já existe há muito tempo, são 266 anos de existência. Foi no ano de 1741, mais de um século e meio antes do surgimento dos automóveis, que se tem informação do primeiro pedágio paulista. A “praça” de cobrança foi instalada na travessia de uma ponte sobre o Tietê, que ligava a cidade de São Paulo à Freguesia do Ó, e dava acesso às jazidas de ouro então existentes na região do Pico do Jaraguá.

Apesar de reclamações de moradores da região, o pedágio foi cobrado até o início do Século 19, que não acabou sem ver o surgimento de um novo pedágio, em 1892. Este, no valor de 3 vinténs, foi cobrado para atravessar o primeiro Viaduto do Chá, construído sobre o Vale do Anhangabaú, local de grande atração para os paulistanos, já naquela época.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Cuidados necessários para a publicação de uma notícia

Ser jornalista não é tão simples como parece. Além dos problemas rotineiros da profissão, como, por exemplo, o curto tempo para escrever uma matéria e a incessante busca por informações e fontes, o profissional de comunicação precisa se preocupar com o conteúdo a ser divulgado para não virar alvo de um processo judicial.


Como formador de opinião da sociedade, deve estar ciente que o seu trabalho pode ofender alguém ou alguma instituição, mesmo não sendo este o objetivo. Como foi o caso da jornalista Elvira Lobato, da Folha de S.Paulo, que foi processada pela Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) por ter publicado, em 2007, a matéria “Universal chega aos 30 anos com império empresarial”, na qual ela conta em detalhes o esquema de enriquecimento ilícito dos bispos da IURD.

A instituição religiosa perdeu o processo e a jornalista acabou ganhando o Prêmio Esso de Jornalismo em 2008, pelo ótimo trabalho de apuração de sua reportagem. Este é um bom exemplo de jornalismo comprometido com a verdade, pois a defesa do jornal conseguiu provar que a notícia foi realizada de forma legal, ou seja, sem usar informações de um processo em segredo de Justiça ou de documentos sigilosos.

A juíza Carolina Nabarro Munhoz Rossi, da 5ª Vara Cível de Guarulhos (SP), explica como um jornalista pode evitar processos sobre usa pessoa ou sobre a empresa para a qual trabalha: “Primeiramente ele deve verificar se o processo não corre em segredo de Justiça, pois nesse caso qualquer divulgação de dado do processo é crime. Alguns processos que envolvem menores de idade, crimes sexuais ou questões que necessitam de sigilo para a investigação, como aqueles que contêm interceptações telefônicas, por exemplo, correm em segredo de Justiça. Nesse caso, pratica crime quem informa o dado ao jornalista e ele, ao divulgar. O responsável pelo jornal também pode responder”.

Uma dica importante para todo jornalista é sempre checar as informações antes de publicá-las, porque caso a notícia seja bem checada, o jornalista certamente terá sua defesa facilitada e o risco de perder o processo é menor. Além disso, é essencial avaliar quais os interesses em jogo acerca da informação obtida e pensar o que as pessoas envolvidas nesta divulgação podem perder com ela.

Apesar de ser uma das regras básicas do jornalismo, a checagem não é garantia de não sofrer ações judiciais, como explica a advogada e consultora Laura Rodrigues, da empresa Lex Editora. “Mesmo sendo a reportagem fundada em documentos válidos e obtidos legalmente, o jornalista é responsável por aquilo que escreve. A forma como a informação será transmitida ao público é essencial. O texto deverá ser redigido de forma imparcial, sem expressar juízos de valores quanto a moral e a pessoa que é objeto da reportagem.”

No jornalismo da atualidade, onde dar uma notícia antes dos outros veículos é de suma importância, a pressa se torna uma grande inimiga. O relacionamento com as fontes é vital para o exercício da profissão, porém não se pode confiar cegamente nelas sem ter uma verificação por outros meios.

“Cuidado com as fontes, mesmo que você confie nelas, não publique uma informação só porque sua fonte lhe passou, verifique a veracidade da mesma”, afirma o jornalista William Correia, do jornal Agora, que pertence à Folha de S.Paulo. Esse cuidado é importante, já que no Brasil as fontes têm sigilo absoluto e uma informação publicada em um veículo é de responsabilidade do mesmo, não se pode culpar a fonte por ter ludibriado o jornalista.

Mas se um jornalista cometer algum dano material, que se refere àquilo que é físico, ou moral, que tem haver com o espírito, ou seja, aquilo que eu sinto, ele pode ser obrigado a indenizar alguém. “O juiz analisa caso a caso, verificando qual o abalo sofrido, qual a possibilidade econômica de cada parte. O valor tem que servir de exemplo para que a pessoa não haja mais daquela forma, mas não pode servir como forma de enriquecimento para quem foi ofendido de forma à ofensa ter sido um bom negócio”, conta a juíza Carolina Nabarro.

Também é bastante comum em ações judiciais contra a impressa, a calúnia, a injúria ou a difamação estarem presentes no processo. Se o texto não estiver embasado na verdade, a defesa do jornalista pode ter problemas, como afirma a juíza Nabarro. “Não dá para se defender de injúria e difamação. Calúnia (imputar falsamente a prática de crime) dá para fazer a exceção da verdade, que é a prova de que a pessoa praticou o crime que foi imputado a ela. A calúnia é mais grave e a pena pode chegar a dois anos, mais um terço por ser feita através da imprensa.”

Além da indenização, o ofendido pode pleitear um direito de resposta, que é utilizado quando há divulgação de informação inverídica ou ofensa à honra. No caso de imprensa escrita, tem que ocorrer na mesma página, mesmo tamanho, de preferência no mesmo dia da semana. Na TV ou no rádio, deve ser no mesmo programa, mesmo horário, mesmo tempo. O direito de resposta visa diminuir o impacto da notícia negativa e a indenização visa reparar o abalo sofrido.

“Para evitar processos, a principal recomendação é realizar o trabalho da forma mais ética possível. Não é aceitável aumentar a informação para vender jornal e muito menos publicar mentiras”, orienta William Correia. Também com toda velocidade da internet, as informações são transmitidas praticamente em tempo real, por isso o cuidado na hora de qualquer divulgação é essencial.

Outra área que gera muitas discussões e é alvo de processos é o fotojornalismo. Uma boa notícia vem sempre acompanhada de ótimas fotos, que serão responsáveis por atrair mais o leitor. Porém, ser fotógrafo exige certa responsabilidade ética, assim como escrever uma matéria. “Para evitar processos, basta ser fiel a essência do jornalismo, ou seja, apurar a informação, ouvir ou observar, no caso de quem trabalha com imagem, os dois lados da história e fazer juízo imparcial. No entanto, o fotojornalista ou repórter fotográfico não deve ir a uma pauta preocupado com a possibilidade de ser processado”, orienta o fotógrafo César Greco.

Para quem está iniciando no fotojornalismo, Greco explica que é importante “observar, conversar e pedir opiniões sempre que possível a colegas mais experientes, aplicar os ensinamentos sobre ética e legislação adquiridos no curso de jornalismo, e acima de tudo, refletir todo o contexto da pauta em relação ao material fotográfico obtido.”

Reter o poder de informar a sociedade é uma grande responsabilidade que cabe a poucos, às vezes esse poder sobe à cabeça do jornalista, que se sente intocável e pode divulgar informações sendo mal intencionado, com o objetivo apenas de prejudicar alguém. Por isso, cabe a justiça analisar cada caso e punir a imprensa quando a mesma cumpre sua função de forma errônea. Com isso, ela separa os jornalistas mal intencionados daqueles que realmente possuem o compromisso com a verdade.

Texto de Romário Ferreira, Felipe Salomão e Vinícius Veloso.

sábado, 2 de outubro de 2010

A deficiência não é o problema

Falta de apoio e descaso de alguns governos são os principais obstáculos que os atletas paraolímpicos enfrentam no Brasil. Nas Paraolimpíadas Escolares 2010, destaque para o Rio de Janeiro

Por Beto Monteiro
Superação e força de vontade não faltaram para os mais de 800 jovens que participaram da quarta edição das Paraolimpíadas Escolares. A competição é o maior evento do gênero realizado em todo o mundo e aconteceu em São Paulo, entre os dias sete e dez de setembro. A equipe do Rio de Janeiro foi a grande campeã.

Este ano, mais duas modalidades entraram na grade de provas, são elas: tênis em cadeira de rodas e voleibol sentado; além de atletismo, futebol para cegos, futebol de sete para paralisados cerebrais, judô, goalball, bocha e tênis de mesa. Ao todo, 21 estados brasileiros, mais o Distrito Federal, participaram da competição, que ocorreu no Clube Espéria, no Espaço SPturis e no Ibirapuera.

No entanto, apesar de ser tão importante para os estudantes do país, a competição não tem a divulgação que merece e que todos os participantes sonham. Na verdade, a falta de divulgação é um dos principais obstáculos que os alunos enfrentam e não a própria deficiência em si. Outra dificuldade é a falta de professores especializados em ensinar os esportes adaptados aos jovens.

Dificuldades a parte, quem fez bonito este ano foi a delegação do Rio de Janeiro, que venceu cinco das dez modalidades das Paraolimpíadas. Os cariocas fizeram 65 pontos na classificação geral. São Paulo foi o segundo com 44 pontos, e o Distrito Federal ficou em terceiro com 38. Além de ser o campeão, o Rio ganhou o troféu Confraternização, após uma votação, da qual participaram todos os estados, para eleger a delegação mais organizada, animada e com o maior espírito esportivo.


Por Romário Ferreira
A animação dos cariocas pôde ser notada durante a partida final do futebol de sete para paralisados cerebrais, a qual eles venceram o Mato Grosso do Sul por nove a três. Na arquibancada da quadra, os torcedores gritavam o tempo todo e chamavam cada um de seus atletas pelo nome. Infelizmente, nenhuma outra equipe teve o mesmo apoio fora das quatro linhas – nem mesmo a equipe paulista, a anfitriã, que levou 161 pessoas ao evento, sendo 111 atletas. O Rio de Janeiro contou com 160 pessoas (100 atletas) e o Distrito Federal participou com 126, sendo 78 atletas.

O atleta carioca Fabio Bordignon, de 18 anos, foi o principal jogador do futebol de sete da competição e acabou como artilheiro, com 14 gols. Ao término da final, após gritar “é campeão”, ele falou à Revista em Família sobre a importância das Paraolimpíadas. “Ela é muito importante para revelar atletas para a Seleção Brasileira e até para os clubes, apesar da pouca divulgação. Nós agradecemos ao Comitê Paraolímpico por ter feito esta competição, que pode revelar vários jogadores para o Brasil”, contou Bordignon, que já faz parte da Seleção Brasileira em sua modalidade.


“O Rio de Janeiro (o governo do estado) dá muito apoio ao atleta paralisado cerebral. Lá existem vários times e também campeonatos estaduais. Por exemplo, a Andef (Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos), que é o meu clube, tem um centro de treinamento enorme onde todos os jogadores podem treinar e manter a forma física. O ruim é que nem todos os estados tratam o paraolímpico desta forma. O Rio é um exemplo”, explicou Fabio Bordignon. Na competição, a delegação carioca levou para casa 66 medalhas de ouro, 32 de prata e 21 de bronze.


Gilmar Chavão, um dos treinadores das equipes de futebol de sete e natação do Rio de Janeiro, também acredita que o desporto paraolímpico ainda carece de um apoio maior no Brasil. “Na Europa, por exemplo, dá para perceber que existe uma visibilidade maior com relação a treinamento e trabalhos especiais, não é como aqui. O apoio é fundamental, porque quanto mais o atleta treinar, maior será o seu rendimento”, afirmou.

Equipe paulista
Conquistou 29 medalhas de ouro, 26 de prata e 19 de bronze. Alguns esperavam um desempenho melhor da anfitriã, no entanto, o presidente do Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB), Andrew Parsons, elogiou a atuação dos alunos paulistas. “São Paulo foi muito bem, era a delegação da casa e ficou em segundo lugar geral, logo atrás do Rio de Janeiro. Teve uma equipe grande, com representantes em várias modalidades. É uma delegação da qual podemos esperar muito, que tem potencial para ano que vem ficar em primeiro. Será uma disputa ainda mais acirrada”, disse Parsons.

Já Terezinha de Oliveira Nunes, mãe do atleta Jonathan Nunes, da equipe de futebol de sete de São Paulo, não aprovou a atuação dos paulistas nesta modalidade. “Não houve apoio para os garotos. O time foi formado as pressas e praticamente não jogou junto antes. Eles perderam quase todos os jogos. Essa equipe treina em Suzano (na Grande SP). Nós somos de lá, mas a maioria do time não. Alguns saem aqui da capital e vão para lá. E também só treinam uma vez por semana”, reclamou Terezinha. O time paulista ficou na quarta colocação, após perder a disputa de terceiro lugar para o Distrito Federal, por 13 a zero.

Perguntada sobre como fizeram para chegar até o local onde estava sendo realizados os jogos, ela disse que foi obrigada a pegar ônibus, trem e metrô, pois não existe apoio por parte do governo. Quando o time precisa viajar, mesmo a distância sendo longa, eles geralmente vão por conta própria de ônibus. Muito diferente dos cariocas, que vieram – até a torcida – todos de avião.

“Meu filho tem o sonho de andar de avião, porém, nunca teve oportunidade. Uma vez quase deu certo, mas não havia verba para bancar a ida de todo o grupo”, lembrou a mãe. “Ele já foi jogar no Mato Grosso do Sul, no Rio de Janeiro, em Brasília, em Curitiba, entre outros lugares. Em quase todas as vezes, nós que pagamos a viagem”, completou.

A única modalidade em que São Paulo foi o primeiro colocado foi no tênis de mesa, no qual conseguiu quatro medalhas de ouro. Em outros três esportes os paulistas ficaram em segundo lugar: atletismo (17 ouros), natação (34 ouros) e voleibol sentado (medalha de prata).

Organização
Para os organizadores das Paraolimpíadas Escolares 2010, o evento foi um sucesso. “A organização foi muito boa, principalmente no que tange à parceria do Comitê Paraolímpico Brasileiro com a Secretaria Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência, e com a Secretaria Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida de São Paulo, para a realização do evento. Além disso, tivemos aumento no número de modalidades (de oito para dez), na quantidade de atletas (de 500 para mais de 800) e no número de estados participantes (de 20 para 22, com a entrada de Goiás e Rio Grande do Sul)”, comemorou Andrew Parsons, presidente do CPB.

Por Romário Ferreira

A primeira edição das Paraolimpíadas Escolares aconteceu em 2006, em Fortaleza, com apenas natação e atletismo. No ano seguinte, em Brasília, foram acrescidos o tênis de mesa e o goalball à competição. Em 2008, não houve evento, e no ano passado, ocorreu a terceira edição, também em Brasília.

Sobre o desempenho dos estados em 2010, Parsons afirmou que “nenhuma delegação decepcionou e que a disputa entre Rio de Janeiro, São Paulo e Distrito Federal foi muito boa, o que deu ainda mais emoção à competição.”

Em conversa com vários atletas de diferentes esportes durante a competição, foi possível notar que a grande expectativa são as Paraolimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro. Apesar da falta de apoio de alguns estados, os jovens acreditam que podem fazer bonito na competição mundial. Esta também é a opinião do presidente do CPB, Andrew Parsons.

“Temos uma meta traçada que é alcançar o quinto lugar geral e estamos trabalhando para cumpri-la. Quanto a esses jovens, podemos esperar muito deles. As Paraolimpíadas Escolares mostraram que temos um potencial muito grande, com jovens talentos em diversas modalidades. Aliados aos atletas de talento que já estão aí, o Brasil tem um enorme potencial para Rio 2016. Agora cabe a nós do CPB, junto às confederações, federações e clubes, trabalhar esses novos atletas”, prometeu Parsons. É esperar para ver.

*texto de Romário Ferreira, publicado na 3ª edição da Revista Em Família.

domingo, 22 de agosto de 2010

500 vezes Marcos

A partida entre Palmeiras x Vitória, válido pela Copa Sul Americana, que ocorreu no estádio do Pacaembu na última quinta (19) entrou para história do goleiro Marcos. O camisa 12 completou 500 jogos pelo verdão, marca que dificilmente será alcançada por um outro jogador em qualquer clube no futebol brasileiro.

O alviverde precisava vencer por três gols de diferença para avançar às oitavas-de-final da competição. E como a noite era especial para Marcos, ele esteve “presente” todas as vezes que o Palmeiras marcou. Os dois primeiros foram de Tadeu, contratado por indicação do goleiro, e o terceiro surgiu em uma bela cobrança de falta de MARCOS Assunção.

Com a vitória, o verdão festejou com a torcida presente no estádio e avançou a próxima fase. O “dono da noite” não fez nenhuma grande defesa, porém pode comemorar mais um recorde na carreira.

Marcos Roberto Silva Reis nasceu em 4 de agosto de 1973 na cidade de Oriente, interior de São Paulo. Começou a carreira no Lençoense e antes de estrear como profissional foi contratado pelo Palmeiras em 1992.

Ficou por muito tempo no banco de reservas, estreando apenas como titular na Libertadores de 1999, após lesão de Velloso. Para alegria da torcida, atuou muito bem em todos os jogos e foi um dos principais responsáveis pelo título continental, sendo escolhido o melhor jogador do torneio. Além da taça, o goleiro ganhou o apelido de São Marcos.

Muito carismático e sempre com o jeito de caipira, ele conquistou o carinho de toda massa alviverde e até de torcedores de clubes rivais, com os quais sempre manteve o respeito.

Em 2002 foi convocado para a Copa do Mundo. Atuando com a camisa 1, fechou o gol da seleção brasileira e garantiu o pentacampeonato. Neste mesmo ano foi escolhido o terceiro melhor goleiro do mundo, ficando atrás de Kahn e Casillas.

Porém uma das maiores tristezas da carreira vitoriosa ocorreu no mesmo ano em que conquistou o mundo com a seleção. A queda do Palmeiras para série B do Campeonato Brasileiro.

O Arsenal da Inglaterra fez uma proposta milionária após o rebaixamento, porém Marcos optou por jogar e ganhar a segunda divisão pelo seu clube do coração. A brilhante campanha, coroada com o acesso a série A só aumentou seu status de ídolo.

Nos anos seguintes sofreu sérias lesões que, somadas, o deixaram parado por quase dois anos, o fazendo pensar em abandonar as chuteiras. Porém deu a volta por cima e se mostrou forte e com a mesma categoria de sempre.

Ele é o sétimo jogador que mais defendeu a camisa do Palmeiras, se formos contar apenas goleiros, ele é o segundo (atrás somente de Leão). Porém com certeza sempre vai ser um dos primeiros ídolos mais amados pela torcida palmeirense, e por que não, brasileira.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Jogadores e seus super-poderes

Às vezes eles surgem de comunidades carentes, aparecem do nada e de repente são conhecidos por todos. Aclamados por adultos e crianças de todas as idades. São capazes de realizar proezas que nem todo ser humano comum consegue. Nesta descrição, como na vida real, eles podem ser confundidos com super-heróis, mas são apenas jogadores de futebol.

Muitas vezes a infância é humilde, com poucos recursos na periferia das grandes cidades. Por isso, ao assinar o primeiro contrato profissional, com altas cifras, o garoto fica deslumbrado, nunca imaginou ganhar tanto dinheiro na vida e não sabe o que fazer com essa quantia.

Alguns compram uma casa para família, outros mudam de bairro. Tem ainda aqueles que preferem desfilar com carros importados e lindas modelos. Além disso, eles se tornam exemplos para milhares de pessoas no país, ou até no mundo inteiro.

Com todas essas mudanças, muitos têm problemas e não conseguem administrar suas carreiras. Não são raros os casos de jogadores com envolvimento com a polícia. Alguns casos recentes foram o envolvimento de Ronaldo com travestis, as fotos de Adriano com um fuzil e fazendo apologia a uma facção criminosa, ligações entre Vagner Love e traficantes e o mais recente o assassinato da amante do goleiro Bruno.

Um dos maiores problemas é que o atleta esquece que se tornou uma pessoa publica, mantendo relações que podem prejudicar sua vida e carreira. Uma frase muito inteligente, dita pelo atacante francês Trezeguet, que resume todo este problema é: “Você pode tirar um garoto da favela, porém não pode tirar a favela de um garoto”.
Outra afirmação que exemplifica esse dilema foi dita pela presidente do Flamengo, Patrícia Amorim. Ela explicou que ao final do Campeonato Brasileiro de 2009, na qual o Flamengo foi campeão, alguns jogadores ganharam super poderes e se achavam acima da lei. Super poderes eles até conseguiram, porém ninguém fica acima da lei.

Jogadores, se lembrem que vocês são iguais a todos. Vocês fazem a alegria dos torcedores de quarta e domingo, vocês fazem muita gente esquecer dos problemas da vida durante 90 minutos, vocês são ídolos de crianças e jovens. Vocês realmente possuem seus poderes, porém tomem cuidado como os utilizam.

Para finalizar esse post, gostaria de colocar uma frase da Patrícia Amorim: “Ao final do jogo Flamengo x Botafogo. Havia uma família na porta do vestiário do Flamengo. Um pai, um menino de quatro anos e uma menina de oito anos. A garotinha me pediu um autografo e após assinar sua camisa ela me disse que se eu fosse visitar o Bruno na cadeia, dizer a ele que apesar de tudo ela o amava. Na hora não soube o que responder”.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Podemos aprender com eles

Dia 2 de julho de 2010, a data em que a seleção brasileira frustrou grande parte de sua torcida após derrota para Holanda e eliminação precoce da Copa do Mundo de 2010.Vinte e quatro horas depois, a seleção da Argentina repete o feito, perde por 4 a 0 para a seleção da Alemanha e também pega o avião de volta para casa.

Ao chegar em território nacional, um grande número de torcedores esperava, no aeroporto do Rio de Janeiro, a comissão técnica e jogadores para protestar contra a derrota. Em São Paulo, os atletas evitaram o saguão e saíram sem entrar em contato com o público que os aguardava. A única exceção foi no desembarque de Dunga em Porto Alegre, os gaúchos aplaudiram o técnico da seleção.

Com essa reação do torcedor brasileiro, já era possível imaginar o que esperava a seleção argentina em Buenos Aires, que foi eliminada com uma goleada.

Porém, para espanto de todos, os atletas comandados por Maradona foram recebidos com aplausos e gritos de incentivo. A própria imprensa ficou surpresa, o diário Olé, principal jornal de esportes da Argentina, publicou em sua página na internet a manchete “Loucura nacional”.

Agora por que desta diferença? Enquanto recebemos os nossos jogadores com protestos, nossos “hermanos” recebem os deles com carinho.

Ambas torcidas ficaram frustradas, pois todos esperavam o título. Uma das explicações foi que enquanto Maradona convocou e montou o melhor time possível para disputar a Copa, Dunga deixou bons jogadores de fora e a seleção não era unanimidade.

No futebol sempre existem os “se” que nunca serão respondidos. Mas, se o time que foi eliminado pela Holanda contasse com Ronaldinho Gaúcho, Ganso, Neymar e cia., será que teriam torcedores para aplaudi-los no aeroporto? O resultado da Copa de 2006 nos faz imaginar que não.

Talvez seja interessante observarmos essa situação, pois quem está em campo, com certeza irá fazer seu máximo para representar sua nação. E o futebol, como todos os outros esportes, tem um vencedor e um perdedor, não é possível ganhar todas.

A reação da torcida argentina foi exemplar, eles sentiram que seus jogadores honraram a camisa e seu país. É importante lembrar que a torcida do clube argentino Boca Juniors é vista como exemplo por muitos brasileiro, por seu apoio total ao time independente da situação. Logo é previsível que eles fariam o mesmo pela seleção.

Obs: Mas que foi muito bom ver Don Diego Maradona sendo eliminado ao tomar de 4 foi bom, isso ninguém pode negar!


quarta-feira, 30 de junho de 2010

Museu relembra a história do Bixiga

Local está prestes a completar 30 anos de existência contando a história do bairro através de um rico acervo

O Bixiga é conhecido por oferecer o melhor da tradição italiana e ganhou importância histórica e turística na capital paulista. Ele oferece desde inúmeras cantinas, até a sede da escola de samba, Vai-Vai. Para dividir sua história com frequentadores e moradores foi aberto um espaço com suas principais memórias. Trata-se do Museu Memória do Bixiga.

Fundado em 1981 por Armando Puglisi o "Armandinho do Bixiga", e Paulo Santiago, o local é considerado o primeiro museu de bairro da cidade. Sua sede fica em uma casa de sete cômodos, tombada pelo patrimônio histórico, na Rua dos Ingleses, 118. Lá é possível admirar um acervo com 8 mil fotografias e 1,5 mil itens.

Os visitantes podem ver documentos que registram boa parte da história da imigração italiana no Bixiga. Além de uma grande variedade de utilitários, rádios antigos, brinquedos, carrinhos de rolimã, uma geladeira quase centenária e um televisor, que pertenceram aos primeiros moradores.

O acervo traz objetos inusitados que contam a história do tradicional bairro. Estão expostos espingarda e capacete de um soldado revolucionário de 1932, uma cadeira de dentista dos anos 20 e itens pessoais do compositor Adoniran Barbosa, que esse ano completaria cem anos.

De acordo com a diretora do local, Valkiria Iacocco, ele permaneceu cinco anos fechado por problemas administrativos. “Após o falecimento de Armandinho, seu idealizador, o museu passou a enfrentar sérias dificuldades, até fechar as portas em 2008. O processo de deterioração do imóvel e do acervo vinha se agravando”, diz ela.

Para ajudar na recuperação do patrimônio cultural, moradores do bairro sugeriram uma nova diretoria que assumiu em dezembro de 2009. “A direção atual está empenhada em captar recursos para viabilizar a revitalização do espaço e estabeleceu as metas principais a serem alcançadas”, informa Valkiria.

Os principais objetivos são restaurar a casa, adquirir equipamentos de informática, digitalizar o acervo, elaborar cursos de museologia, restauração, literatura e vídeo. Também será implantada uma cantina-escola que dará cursos de gourmet e instalada uma loja de souvenires.

Ano que vem o museu completará 30 anos e também será comemorado o “Ano da Itália no Brasil”, por isso é questão de honra a recuperação do único local dedicado à preservação da memória da imigração italiana em São Paulo. Para o lançamento da campanha “Museu do Bixiga 30 Anos” serão desenvolvidas várias atividades.

“Já realizamos alguns eventos como café da manhã e jantares para apresentar nossos planos de revitalização da instituição. E dia 17 de maio inauguraremos uma exposição no Espaço Cultural Conjunto Nacional”, conta a diretora. O horário de funcionamento do Museu Memória do Bixiga é de terça a sexta, das 14 às 18 horas.