domingo, 5 de dezembro de 2010

Pedágios de São Paulo são uns dos mais caros do mundo


Chegando os meses de férias, todos os paulistanos já começam a preparar as malas e os “bolsos” para pegar as estradas. Uns preferem aproveitar o calor e vão curtir as belas praias no nosso litoral, outros optam pelo sossego e vão para as cidadezinhas tranqüilas do interior paulista.

As condições das estradas não são mais a preocupação dos paulistanos, pois temos algumas das melhores do país. As rodovias paulistas ocupam as dez primeiras posições entre as melhores, segundo pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes, sendo aprovadas por 93,6% dos usuários. Mas o que anda tirando o sono dos motoristas são os pedágios que não param de se disseminar por nossa malha viária.

Para entender um pouco desse processo, temos que voltar ao ano de 1998, que marcou o início da privatização das rodovias de São Paulo. Até hoje já foram instalados 112 pedágios nas estradas paulistas - o equivalente a uma praça nova a cada 40 dias. O Estado já tem mais pedágios do que todo o resto do Brasil. São 160 pontos de cobrança em vias estaduais e federais no território paulista, ante 113 no restante do País, segundo a Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias.

Nos últimos 12 anos, a segurança e a qualidade das rodovias melhoraram muito, mas os altos valores cobrados se tornaram a principal crítica dos motoristas. No último mês de julho, essas reclamações se intensificaram ainda mais, pois os pedágios nas rodovias estaduais foram reajustados. No sistema Anchieta-Imigrantes, o valor aumentou de R$ 17,80 para R$ 18,50.

Mais caro rodar em São Paulo

Para se ter uma idéia de quão caro é viajar por São Paulo, é mais barato viajar a outros Estados. Por exemplo, cruzar de carro os 404 quilômetros entre a capital paulista e Curitiba, capital do Paraná, custa aproximadamente R$ 9. Já para cobrir distância semelhante até o município paulista de Catanduva, por exemplo, é preciso desembolsar R$ 46,70.

Segundo estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Aplicada (Ipea), o pedágio estadual de São Paulo é um dos mais caros do mundo, e atualmente supera as autoestradas da Europa e dos Estados unidos.

“Ficou mais barato viajar a Curitiba no Paraná que a Catanduva no interior paulista”

O programa de concessões das estradas paulistas, iniciado em 1998, levou em conta o maior valor que as empresas ofereciam ao Estado para ter a concessão da via, a chamada outorga de administração. A vantagem é que o dinheiro dado por essas empresas que ganharam as concessões deve ser aplicado em novas estradas. Por outro lado, esse valor é repassado aos motoristas, via pedágio.

Já o modelo adotado pelo governo federal faz a concessão àquele que oferecer a menor tarifa. O benefício é o preço mais baixo e a desvantagem é a falta de verba para investir. As Rodovias Fernão Dias e Régis Bittencourt, privatizadas em 2008, continuam em estado precário. Críticos afirmam que o pedágio não foi suficiente para cobrir os custos da recuperação das estradas.

Problema antigo

Quem pensa que o pedágio é um “problema’’contemporâneo está muito enganado. A cobrança, ao menos para os paulistas, já existe há muito tempo, são 266 anos de existência. Foi no ano de 1741, mais de um século e meio antes do surgimento dos automóveis, que se tem informação do primeiro pedágio paulista. A “praça” de cobrança foi instalada na travessia de uma ponte sobre o Tietê, que ligava a cidade de São Paulo à Freguesia do Ó, e dava acesso às jazidas de ouro então existentes na região do Pico do Jaraguá.

Apesar de reclamações de moradores da região, o pedágio foi cobrado até o início do Século 19, que não acabou sem ver o surgimento de um novo pedágio, em 1892. Este, no valor de 3 vinténs, foi cobrado para atravessar o primeiro Viaduto do Chá, construído sobre o Vale do Anhangabaú, local de grande atração para os paulistanos, já naquela época.

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