Falta de apoio e descaso de alguns governos são os principais obstáculos que os atletas paraolímpicos enfrentam no Brasil. Nas Paraolimpíadas Escolares 2010, destaque para o Rio de Janeiro
Superação e força de vontade não faltaram para os mais de 800 jovens que participaram da quarta edição das Paraolimpíadas Escolares. A competição é o maior evento do gênero realizado em todo o mundo e aconteceu em São Paulo, entre os dias sete e dez de setembro. A equipe do Rio de Janeiro foi a grande campeã.
| Por Beto Monteiro |
Este ano, mais duas modalidades entraram na grade de provas, são elas: tênis em cadeira de rodas e voleibol sentado; além de atletismo, futebol para cegos, futebol de sete para paralisados cerebrais, judô, goalball, bocha e tênis de mesa. Ao todo, 21 estados brasileiros, mais o Distrito Federal, participaram da competição, que ocorreu no Clube Espéria, no Espaço SPturis e no Ibirapuera.
No entanto, apesar de ser tão importante para os estudantes do país, a competição não tem a divulgação que merece e que todos os participantes sonham. Na verdade, a falta de divulgação é um dos principais obstáculos que os alunos enfrentam e não a própria deficiência em si. Outra dificuldade é a falta de professores especializados em ensinar os esportes adaptados aos jovens.
Dificuldades a parte, quem fez bonito este ano foi a delegação do Rio de Janeiro, que venceu cinco das dez modalidades das Paraolimpíadas. Os cariocas fizeram 65 pontos na classificação geral. São Paulo foi o segundo com 44 pontos, e o Distrito Federal ficou em terceiro com 38. Além de ser o campeão, o Rio ganhou o troféu Confraternização, após uma votação, da qual participaram todos os estados, para eleger a delegação mais organizada, animada e com o maior espírito esportivo.
A animação dos cariocas pôde ser notada durante a partida final do futebol de sete para paralisados cerebrais, a qual eles venceram o Mato Grosso do Sul por nove a três. Na arquibancada da quadra, os torcedores gritavam o tempo todo e chamavam cada um de seus atletas pelo nome. Infelizmente, nenhuma outra equipe teve o mesmo apoio fora das quatro linhas – nem mesmo a equipe paulista, a anfitriã, que levou 161 pessoas ao evento, sendo 111 atletas. O Rio de Janeiro contou com 160 pessoas (100 atletas) e o Distrito Federal participou com 126, sendo 78 atletas.
| Por Romário Ferreira |
O atleta carioca Fabio Bordignon, de 18 anos, foi o principal jogador do futebol de sete da competição e acabou como artilheiro, com 14 gols. Ao término da final, após gritar “é campeão”, ele falou à Revista em Família sobre a importância das Paraolimpíadas. “Ela é muito importante para revelar atletas para a Seleção Brasileira e até para os clubes, apesar da pouca divulgação. Nós agradecemos ao Comitê Paraolímpico por ter feito esta competição, que pode revelar vários jogadores para o Brasil”, contou Bordignon, que já faz parte da Seleção Brasileira em sua modalidade.
“O Rio de Janeiro (o governo do estado) dá muito apoio ao atleta paralisado cerebral. Lá existem vários times e também campeonatos estaduais. Por exemplo, a Andef (Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos), que é o meu clube, tem um centro de treinamento enorme onde todos os jogadores podem treinar e manter a forma física. O ruim é que nem todos os estados tratam o paraolímpico desta forma. O Rio é um exemplo”, explicou Fabio Bordignon. Na competição, a delegação carioca levou para casa 66 medalhas de ouro, 32 de prata e 21 de bronze.
Gilmar Chavão, um dos treinadores das equipes de futebol de sete e natação do Rio de Janeiro, também acredita que o desporto paraolímpico ainda carece de um apoio maior no Brasil. “Na Europa, por exemplo, dá para perceber que existe uma visibilidade maior com relação a treinamento e trabalhos especiais, não é como aqui. O apoio é fundamental, porque quanto mais o atleta treinar, maior será o seu rendimento”, afirmou.
Equipe paulista
Conquistou 29 medalhas de ouro, 26 de prata e 19 de bronze. Alguns esperavam um desempenho melhor da anfitriã, no entanto, o presidente do Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB), Andrew Parsons, elogiou a atuação dos alunos paulistas. “São Paulo foi muito bem, era a delegação da casa e ficou em segundo lugar geral, logo atrás do Rio de Janeiro. Teve uma equipe grande, com representantes em várias modalidades. É uma delegação da qual podemos esperar muito, que tem potencial para ano que vem ficar em primeiro. Será uma disputa ainda mais acirrada”, disse Parsons.
Já Terezinha de Oliveira Nunes, mãe do atleta Jonathan Nunes, da equipe de futebol de sete de São Paulo, não aprovou a atuação dos paulistas nesta modalidade. “Não houve apoio para os garotos. O time foi formado as pressas e praticamente não jogou junto antes. Eles perderam quase todos os jogos. Essa equipe treina em Suzano (na Grande SP). Nós somos de lá, mas a maioria do time não. Alguns saem aqui da capital e vão para lá. E também só treinam uma vez por semana”, reclamou Terezinha. O time paulista ficou na quarta colocação, após perder a disputa de terceiro lugar para o Distrito Federal, por 13 a zero.
Perguntada sobre como fizeram para chegar até o local onde estava sendo realizados os jogos, ela disse que foi obrigada a pegar ônibus, trem e metrô, pois não existe apoio por parte do governo. Quando o time precisa viajar, mesmo a distância sendo longa, eles geralmente vão por conta própria de ônibus. Muito diferente dos cariocas, que vieram – até a torcida – todos de avião.
“Meu filho tem o sonho de andar de avião, porém, nunca teve oportunidade. Uma vez quase deu certo, mas não havia verba para bancar a ida de todo o grupo”, lembrou a mãe. “Ele já foi jogar no Mato Grosso do Sul, no Rio de Janeiro, em Brasília, em Curitiba, entre outros lugares. Em quase todas as vezes, nós que pagamos a viagem”, completou.
A única modalidade em que São Paulo foi o primeiro colocado foi no tênis de mesa, no qual conseguiu quatro medalhas de ouro. Em outros três esportes os paulistas ficaram em segundo lugar: atletismo (17 ouros), natação (34 ouros) e voleibol sentado (medalha de prata).
Organização
Já Terezinha de Oliveira Nunes, mãe do atleta Jonathan Nunes, da equipe de futebol de sete de São Paulo, não aprovou a atuação dos paulistas nesta modalidade. “Não houve apoio para os garotos. O time foi formado as pressas e praticamente não jogou junto antes. Eles perderam quase todos os jogos. Essa equipe treina em Suzano (na Grande SP). Nós somos de lá, mas a maioria do time não. Alguns saem aqui da capital e vão para lá. E também só treinam uma vez por semana”, reclamou Terezinha. O time paulista ficou na quarta colocação, após perder a disputa de terceiro lugar para o Distrito Federal, por 13 a zero.
Perguntada sobre como fizeram para chegar até o local onde estava sendo realizados os jogos, ela disse que foi obrigada a pegar ônibus, trem e metrô, pois não existe apoio por parte do governo. Quando o time precisa viajar, mesmo a distância sendo longa, eles geralmente vão por conta própria de ônibus. Muito diferente dos cariocas, que vieram – até a torcida – todos de avião.
“Meu filho tem o sonho de andar de avião, porém, nunca teve oportunidade. Uma vez quase deu certo, mas não havia verba para bancar a ida de todo o grupo”, lembrou a mãe. “Ele já foi jogar no Mato Grosso do Sul, no Rio de Janeiro, em Brasília, em Curitiba, entre outros lugares. Em quase todas as vezes, nós que pagamos a viagem”, completou.
A única modalidade em que São Paulo foi o primeiro colocado foi no tênis de mesa, no qual conseguiu quatro medalhas de ouro. Em outros três esportes os paulistas ficaram em segundo lugar: atletismo (17 ouros), natação (34 ouros) e voleibol sentado (medalha de prata).
Organização
Para os organizadores das Paraolimpíadas Escolares 2010, o evento foi um sucesso. “A organização foi muito boa, principalmente no que tange à parceria do Comitê Paraolímpico Brasileiro com a Secretaria Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência, e com a Secretaria Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida de São Paulo, para a realização do evento. Além disso, tivemos aumento no número de modalidades (de oito para dez), na quantidade de atletas (de 500 para mais de 800) e no número de estados participantes (de 20 para 22, com a entrada de Goiás e Rio Grande do Sul)”, comemorou Andrew Parsons, presidente do CPB.
A primeira edição das Paraolimpíadas Escolares aconteceu em 2006, em Fortaleza, com apenas natação e atletismo. No ano seguinte, em Brasília, foram acrescidos o tênis de mesa e o goalball à competição. Em 2008, não houve evento, e no ano passado, ocorreu a terceira edição, também em Brasília.
Sobre o desempenho dos estados em 2010, Parsons afirmou que “nenhuma delegação decepcionou e que a disputa entre Rio de Janeiro, São Paulo e Distrito Federal foi muito boa, o que deu ainda mais emoção à competição.”
Em conversa com vários atletas de diferentes esportes durante a competição, foi possível notar que a grande expectativa são as Paraolimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro. Apesar da falta de apoio de alguns estados, os jovens acreditam que podem fazer bonito na competição mundial. Esta também é a opinião do presidente do CPB, Andrew Parsons.
“Temos uma meta traçada que é alcançar o quinto lugar geral e estamos trabalhando para cumpri-la. Quanto a esses jovens, podemos esperar muito deles. As Paraolimpíadas Escolares mostraram que temos um potencial muito grande, com jovens talentos em diversas modalidades. Aliados aos atletas de talento que já estão aí, o Brasil tem um enorme potencial para Rio 2016. Agora cabe a nós do CPB, junto às confederações, federações e clubes, trabalhar esses novos atletas”, prometeu Parsons. É esperar para ver.
*texto de Romário Ferreira, publicado na 3ª edição da Revista Em Família.
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