segunda-feira, 19 de julho de 2010

Jogadores e seus super-poderes

Às vezes eles surgem de comunidades carentes, aparecem do nada e de repente são conhecidos por todos. Aclamados por adultos e crianças de todas as idades. São capazes de realizar proezas que nem todo ser humano comum consegue. Nesta descrição, como na vida real, eles podem ser confundidos com super-heróis, mas são apenas jogadores de futebol.

Muitas vezes a infância é humilde, com poucos recursos na periferia das grandes cidades. Por isso, ao assinar o primeiro contrato profissional, com altas cifras, o garoto fica deslumbrado, nunca imaginou ganhar tanto dinheiro na vida e não sabe o que fazer com essa quantia.

Alguns compram uma casa para família, outros mudam de bairro. Tem ainda aqueles que preferem desfilar com carros importados e lindas modelos. Além disso, eles se tornam exemplos para milhares de pessoas no país, ou até no mundo inteiro.

Com todas essas mudanças, muitos têm problemas e não conseguem administrar suas carreiras. Não são raros os casos de jogadores com envolvimento com a polícia. Alguns casos recentes foram o envolvimento de Ronaldo com travestis, as fotos de Adriano com um fuzil e fazendo apologia a uma facção criminosa, ligações entre Vagner Love e traficantes e o mais recente o assassinato da amante do goleiro Bruno.

Um dos maiores problemas é que o atleta esquece que se tornou uma pessoa publica, mantendo relações que podem prejudicar sua vida e carreira. Uma frase muito inteligente, dita pelo atacante francês Trezeguet, que resume todo este problema é: “Você pode tirar um garoto da favela, porém não pode tirar a favela de um garoto”.
Outra afirmação que exemplifica esse dilema foi dita pela presidente do Flamengo, Patrícia Amorim. Ela explicou que ao final do Campeonato Brasileiro de 2009, na qual o Flamengo foi campeão, alguns jogadores ganharam super poderes e se achavam acima da lei. Super poderes eles até conseguiram, porém ninguém fica acima da lei.

Jogadores, se lembrem que vocês são iguais a todos. Vocês fazem a alegria dos torcedores de quarta e domingo, vocês fazem muita gente esquecer dos problemas da vida durante 90 minutos, vocês são ídolos de crianças e jovens. Vocês realmente possuem seus poderes, porém tomem cuidado como os utilizam.

Para finalizar esse post, gostaria de colocar uma frase da Patrícia Amorim: “Ao final do jogo Flamengo x Botafogo. Havia uma família na porta do vestiário do Flamengo. Um pai, um menino de quatro anos e uma menina de oito anos. A garotinha me pediu um autografo e após assinar sua camisa ela me disse que se eu fosse visitar o Bruno na cadeia, dizer a ele que apesar de tudo ela o amava. Na hora não soube o que responder”.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Podemos aprender com eles

Dia 2 de julho de 2010, a data em que a seleção brasileira frustrou grande parte de sua torcida após derrota para Holanda e eliminação precoce da Copa do Mundo de 2010.Vinte e quatro horas depois, a seleção da Argentina repete o feito, perde por 4 a 0 para a seleção da Alemanha e também pega o avião de volta para casa.

Ao chegar em território nacional, um grande número de torcedores esperava, no aeroporto do Rio de Janeiro, a comissão técnica e jogadores para protestar contra a derrota. Em São Paulo, os atletas evitaram o saguão e saíram sem entrar em contato com o público que os aguardava. A única exceção foi no desembarque de Dunga em Porto Alegre, os gaúchos aplaudiram o técnico da seleção.

Com essa reação do torcedor brasileiro, já era possível imaginar o que esperava a seleção argentina em Buenos Aires, que foi eliminada com uma goleada.

Porém, para espanto de todos, os atletas comandados por Maradona foram recebidos com aplausos e gritos de incentivo. A própria imprensa ficou surpresa, o diário Olé, principal jornal de esportes da Argentina, publicou em sua página na internet a manchete “Loucura nacional”.

Agora por que desta diferença? Enquanto recebemos os nossos jogadores com protestos, nossos “hermanos” recebem os deles com carinho.

Ambas torcidas ficaram frustradas, pois todos esperavam o título. Uma das explicações foi que enquanto Maradona convocou e montou o melhor time possível para disputar a Copa, Dunga deixou bons jogadores de fora e a seleção não era unanimidade.

No futebol sempre existem os “se” que nunca serão respondidos. Mas, se o time que foi eliminado pela Holanda contasse com Ronaldinho Gaúcho, Ganso, Neymar e cia., será que teriam torcedores para aplaudi-los no aeroporto? O resultado da Copa de 2006 nos faz imaginar que não.

Talvez seja interessante observarmos essa situação, pois quem está em campo, com certeza irá fazer seu máximo para representar sua nação. E o futebol, como todos os outros esportes, tem um vencedor e um perdedor, não é possível ganhar todas.

A reação da torcida argentina foi exemplar, eles sentiram que seus jogadores honraram a camisa e seu país. É importante lembrar que a torcida do clube argentino Boca Juniors é vista como exemplo por muitos brasileiro, por seu apoio total ao time independente da situação. Logo é previsível que eles fariam o mesmo pela seleção.

Obs: Mas que foi muito bom ver Don Diego Maradona sendo eliminado ao tomar de 4 foi bom, isso ninguém pode negar!